Os médicos do Hospital Regional Abelardo Santos, localizado em Belém, estão enfrentando uma grave crise financeira devido ao atraso no pagamento dos salários. Até o momento, os valores referentes ao mês de novembro, que deveriam ter sido pagos no final de dezembro, permanecem pendentes, e não há qualquer previsão concreta para a regularização. Além disso, o pagamento de dezembro, esperado para os próximos dias, também está envolto em incertezas.
Essa situação afeta diretamente 190 médicos, que relatam dificuldades para honrar compromissos financeiros, sendo obrigados a recorrer a empréstimos e outras medidas emergenciais. A falta de remuneração prejudica não apenas os profissionais, mas também compromete o atendimento à população, já que a desvalorização dos médicos reflete na qualidade do serviço prestado.
O hospital, gerido por uma Organização Social (OS), é mais um exemplo dos recorrentes problemas enfrentados por médicos no Pará, evidenciando a precarização do trabalho e a ausência de segurança financeira para os profissionais que atuam na rede pública estadual.
2025: Velhos Problemas com OSs na Saúde Pública do Pará
O ano de 2025 começa com um cenário repetitivo e desalentador para os médicos do Pará que atuam em hospitais e UPAs gerenciados por Organizações Sociais (OSs), como a Mais Saúde e Diretrizes. O atraso de salários, contratos abusivos e cláusulas ilegais se tornaram marcas registradas do modelo de gestão pública por OSs, que precariza o trabalho médico e compromete a qualidade do serviço prestado à população.
Entre os problemas encontrados nos contratos firmados com essas empresas estão:
• Cláusulas ilegais que isentam as OSs de pagarem os médicos caso o governo não repasse as verbas previstas, transferindo o risco financeiro aos profissionais;
• Cláusulas de sigilo que impedem a transparência em contratos que utilizam recursos públicos, contrariando os princípios da administração pública.
Essas irregularidades já geraram inúmeros problemas judiciais e administrativos, especialmente com a OS Mais Saúde. A empresa acumula denúncias de atrasos salariais e falta de pagamento de fornecedores, com destaque para os casos registrados em Santarém. Lá, médicos do Hospital Municipal e da UPA ficaram sem receber, enquanto fornecedores acumulam dívidas de mais de R$ 15 milhões. A situação foi tão grave que levou à suspensão do contrato da Mais Saúde com a prefeitura pela justiça.
Mesmo com esse histórico problemático, o governo do Estado continua delegando a gestão de importantes hospitais regionais a essa empresa, como o Hospital Regional do Baixo Amazonas (Santarém) e o Hospital Regional de Itaituba. Isso evidencia a ausência de critérios rigorosos para a escolha de OSs e a falta de fiscalização efetiva sobre sua atuação.
Convocação para Denúncias e Exposição das OSs Devedoras
Diante desse cenário de desrespeito e precarização, o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) convoca todos os médicos que estão enfrentando atrasos de salários ou quaisquer outros problemas com OSs no Pará a denunciarem suas situações. O objetivo é criar uma lista oficial das OSs caloteiras que atuam no Estado, evidenciando a má gestão dos recursos públicos e cobrando providências das autoridades.
A luta contra esse modelo falho e abusivo só será possível com a mobilização da categoria. Denúncias podem ser enviadas diretamente ao Sindmepa, que tomará as medidas necessárias para expor e responsabilizar as empresas que insistem em desvalorizar o trabalho médico e prejudicar o atendimento à população.
As denuncias podem ser feitas por meio do WhatsApp da entidade: 91 984911218 – que de maneira rápida serão encaminhadas ao nosso setor jurídico, que dará sequências com ações legais para resolutividade da situação, em respeito ao profissional médico.
Sindmepa – Em defesa do trabalho médico e da saúde pública de qualidade!
Foto da arte: Pedro Guerreiro/Ag. Pará